Sabe aqueles dias em que tudo de errado parece acontecer no mesmo lugar? Quando isso acontece numa pista de aeromodelismo é coisa muito séria, melhor nem tirar a câmera digital do carro para documentar os fatos, pois alguém pode se exaltar. Aconteceu no domingo passado.
Como sempre, sou um dos primeiros à chegar no local de vôo e já fui descendo o equipamento e montando. Tinha feito uma checagem completa do aero em casa. Montei o aero e coloquei para carregar as baterias, abasteci e deixei tudo pronto para voar. Fiquei batendo papo e ajudando os atrasados.
Enquanto isso, o Sidnei já mandou um coyote para os céus. Um pouco de vento, mas nada que preocupasse o meu amigo, que voa até findar o combustível e pousa com certa maestria. Pelo menos tinha sido assim no sábado. Mas, hoje é domingo e tudo pode acontecer.
E não é que aconteceu?
De repente vejo o aero do Sidnei levantando poeira no meio do capim, caiu. Bem, caiu devagar num pouso mal suscedido, após acabar o combustível e sem combustível aeromodelo plana ou cai. Esse caiu. Resultado? Profundor arrancado.
Mal o Sidney chegou no barracão o Daniel já estava com outro coyote na pista. Pode até ser coisa de coyote, coincidência ou armação, mas o dele apagou e fez um pouso ainda pior. Passei a minha senha, virtual, para a próxima vítima.
O Bruno, pegou seu Extra 27% e foi voar. Coisa linda de ver voando. De faca, de dorso, parafuso chato, tuneal, parafuso chato, de novo, e torque. Quase tudo que se tem direito. Primeiro pouso, uma belezura. Pensei, pronto acabou a maré de quedas e foi por causa de dois manicacas. Foi só pensar e o Bruno se estatelou no solo no segundo pouso. Arrancou o trem de pouso e o aero estacionou de barriga na pista. Tudo bem que, o trem, arrancou por obra do acaso, que se chama desgastepelotempodeuso, tudo emendado mesmo.
Como tinha pego a próxima senha de entrada, virtual pois não temos esse controle, passei-a adiante.
Chegou o Luiz, com seu coyote. É, sei o que estão pensando, todo mundo tem um coyote nessa pista? Quase todo mundo, quem não tem coyote tem albatroz. Fominha, o Luiz, cortou fila. Levantou vôo e o motor apagou, ou aparentou ter apagado. Ele trouxe o aero para pouso e notou que o motor estava ligado, arremeteu, e meteu o aero em uma árvore. Maior estrago do dia, até agora, asa e mais algumas outras coisinhas quebradas.
E eu ali, olhando e pensando: "O que é que eu faço? Me acovardo e recolho tudo? Vou voar e...arrisco cair, bem nem pensar!". Porém, fiquei inerte e só reparando nos outros. Como tem gente que não se intimida com acidentes em sequência, vai aparecer mais um pra voar.
Apareceu, e a vítima é o Lernardo e seu Edge 540T 27%. Vitima? Já, antes de decolar? Sim, antes de decolar uma rodinha travou o aero picou e quase vai a hélice pro solo, o famoso "lambe pixe". Escapou por pouco, mas como bom mineiro, soltou o redondo. Melhor, a rodinha. Reparei nessa hora que, a pane e o pânico, caminham de mãos dadas. O cara nem curte mais o vôo. O Leonardo, decolou e quando viu que o aero estava sem a rodinha só pensou em pousar. Pousou, estragou a polaina e só, pouca coisa para muito susto.
Nessa hora sai da fila. Sei que alguém vai ocupar minha vaga. E foi rápido. O Elton chegou com um albatroz e pista. Decolou, voou e pousou, com rádio FM, motorzinho Fx, coisa antiga mesmo. Daqueles que pedem para cair, mas não caiu. Não deu susto e, aparentemente, tudo funcionando. Me animei e entrei na fila. O Elton nem pousou e já mandei meu CAP232 27% pra cima. Tudo tranquilo e depois que pousei pensei novamente: "Bem, esse negócio de acidente em sequência é bobagem. Eu e o Elton voamos e tudo funcinou perfeitamente". Devia ter esperado mais, pois algumas coisas aconteceram com nós dois logo depois. Mas, teve gente que sofreu antes.
O Macarrão, Junior da Aerocar, trouxe o aero para ter uma aula com o Bruno. Trimaram os rádios, testaram e foram pra pista. Não é de ver que o aero nem saiu direito e já caiu na pista? Coisa mais esquisita, simplesmente cabrou e picou. Caiu na pista e quebrou o montante do motor. O Bruno diz que foi na decolagem, eu acredito hehehe.
E não parou por ai. Tinha uns cara que trouxeram um helicoptero, daqueles xing ling, e estavam testando o vôo. Caiu e caiu feio, esse quebrou tudo. Logo depois, o Silvio foi pegar o albatroz dele para dar um vôo, pois o vento tinha acalmado de vez. Acontece que, pois é parecia que nada daria certo naquele dia mesmo, o fio do BEC tinha se rompido. Sim, no solo e parado.
Lembra que mencionei sobre o meu vôo com o CAP232, que fora bem sucedido, juntamente com o do Elton? Pois é, o Elton ficou brigando com uma agulha quebrada no carburador, para não passar batido. Eu, resolvi voar novamente e chequei tudo no aero antes da partida. Fui pra pista e o aero já saiu fazendo curva para a esquerda, corrigia e ele virava, corrigia e ele virava. Tive que vir para pouso, não consegui, pois tinha sincronismo entre a virada e uma pequena acelerada no motor. Dei uma volta à mais e gritei para o pessoal que estava ao meu lado na pista, "Pouso! Aero está sem controle!". Deu um trabalhão pousar sem lenhar. Mas, pousei. Parei o aero e o danado parecia acometido do mal de parkinson, de tanto que tremia. Desliguei tudo, esse foi meu erro, e nada mais ligou no receptor. Vou ter que tentar bindar novamente e ver se volta à funcionar. Ainda não culpei o rádio pois não fiz um teste. Mas, adiantando é um spektrum DX7. O que? Está achando que estou culpando o rádio? Bobagem.
No final do dia contamos 11 problemas em aeros diversos. Muitos com FM e outro tanto com 2.4ghz. Mas, quase ninguém ficou ileso naquele dia em que, quase nada deu certo na nossa pista.